Em inícios de Janeiro, no bairro da Beira Mar, realiza-se a romaria em homenagem a S.Gonçalo, um beato nascido no ano de 1190, em Arriconha, uma localidade perto de Guimarães e que é conhecido por curar doenças de ossos e resolver problemas conjugais. S. Gonçalinho, como é chamado, viveu algum tempo em Aveiro e foi nessa época que conquistou os habitantes da zona piscatória da Beira-mar. A romaria, tão popular, consegue atrair turistas, que se deslocam em pleno inverno à cidade para ver os festejos.
Para quem é de Aveiro, a festa de S.Gonçalinho é uma das romarias mais concorridas. As ruas que rodeiam a capela enchem-se de pessoas sempre que se ouvem os sinos a tocar, sinal de que vão começar a chover as cavacas. Na cúpula da capela, várias pessoas, carregadas com sacos de cavacas e em cumprimento das suas promessas, atiram os doces, um a um, perante multidões que se pisam e empurram na tentativa de apanhar o maior número possível de cavacas. E afastem-se aqueles que são simples mirones. A falta de experiência pode ter como resultado uma grande nódoa negra. Levar com uma cavaca dura que desce a grande velocidade faz mais estragos do que se pensa. Para os mirones e menos atrevidos, resta apenas colher alguns bocados de cavacas esborrachadas no chão. Aqueles que levam a “apanha” a sério estão devidamente apetrechados de guardas-chuvas virados ao contrário, camaroeiros, redes de pesca gigantes e todo o tipo de utensílios construídos manualmente que permitem prender as cavacas que voam.Existem outras tradições associadas à romaria, entre elas a “dança dos mancos”, um ritual que se realiza dentro da capela no último dia da festa, em que os mordomos, responsáveis pela organização, repentinamente e com os capuzes sobre a cabeça, começam a dançar com paus, balanceando como se tivessem deficiências, ao som de uma música antiga cantada pelo público. Em outros tempos este ritual era realizado com a porta da capela fechada e só os convidados podiam assistir.
Outra das tradições é guardar uma cavaca, que foi atirada da capela e que caiu no chão, até à data da próxima festa e, claro, pedir um desejo. Segundo a tradição, as cavacas que caem ao chão são abençoadas pelo santo. Experimente e vai ver que a cavaca permanece intacta sem qualquer ponta de bolor até ao ano seguinte, altura em que deverá guardar uma outra cavaca, também atirada e caída ao chão, pedindo um novo desejo.Como lembrança, a festa apenas oferece cavacas e mais cavacas, deliciosos doces cobertos com calda de açúcar branco. Vendem-se cavacas de dois géneros: duras e mais alongadas, para serem lançadas da capela, outras mais moles, para serem comidas. É claro, que as cavacas mais duras também são comestíveis e igualmente deliciosas, apesar de serem verdadeiramente duras de roer. De resto, a romaria de S.Gonçalinho localiza-se em pleno centro histórico de Aveiro e o programa musical costuma ter qualidade, daí que valha a pena uma visita a Aveiro nestes dias.
Festas de S.Gonçalinho 2015: de 9 de Janeiro a 12 de Janeiro